No decurso das cinco semanas da Quaresma nos preparávamos pela oração, pela penitência e pela caridade, e hoje iniciamos as celebrações do mistério da paixão, da morte e da ressurreição do Senhor. A liturgia de hoje, do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, nos faz perceber esse Deus que vem ao nosso encontro, que por amor toca a nossa humanidade.

São Paulo na carta aos Filipenses nos apresenta um belo hino que mostra a humanidade de Jesus que vem ao encontro de nossa humanidade ferida. “Cristo, existindo em condição divina, sendo Ele a imagem de Deus, esvaziou-se a si mesmo, despejou-se. Ele mesmo escolheu, por amor, morrer por nós. Ele assumiu a nossa condição de servos, de escravos, Ele se humilhou. E pela obediência a Deus, Deus o elevou, o exaltou acima de todos os nomes.” (2,6-9)

Nos diz a oração da coleta desta Santa Missa “Deus eterno e todo poderosos, para dar aos homens um exemplo de humildade, quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem e morresse na cruz. Concedei-nos aprender o ensinamento da paixão do Senhor e ressuscitar com Ele em sua glória”

Este é o convite de Deus para nós ao celebramos o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor: seguir os passos de nosso Salvador para que, associados pela graça à sua cruz, participemos também de sua ressurreição. Como seguidores de Jesus Cristo, somos chamados a nos configurarmos a Ele, nos tornando humildes servos de Deus. E assim como Ele, que nos deixou o exemplo, possamos nos esvaziar, nos rebaixar, nos despojar, a fim de nos tornamos obedientes.

E como nos diz Santo André de Creta: “Alegra-se Jesus Cristo, porque deste modo nos mostra a sua mansidão e humildade, e se eleva, por assim dizer, sobre o ocaso de nossa infinita pequenez; ele veio ao nosso encontro e conviveu conosco, tornando-se um de nós, para nos elevar e nos reconduzir a si.” Ele, Jesus Cristo, nosso mestre nos deixou o exemplo para que passamos imitá-lo.

Por isso, a simbologia dos ramos. Eles significam que nós, cristãos, estamos dispostos a seguir Jesus Cristo, o servo sofredor que na Cruz dá a vida por nós, por isso agitemos, nos diz Santo André de Creta, “nossos ramos espirituais, o aclamemos todos os dias (…), dizendo estas palavras; ‘Bendito o que vem em nome do Senhor, o rei de Israel”.

Meus irmãos e irmãs, entremos de coração aberto nestes dias sagrados, tão caros a nós cristãos. Lembremos da exortação de São Paulo na carta aos Gálatas “Ele, Cristo Jesus, me amou e por mim se entregou” (2,20).

Por:
Pe. Breno Oliveira Rabelo – Vice-reitor do Seminário Nossa Senhora Imaculada Rainha do Sertão.