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O Teu Santo não conheceu a corrupção – Artigo

Eronildo

Os acontecimentos destes últimos dias têm marcado fortemente a tônica dos noticiários, das redes sociais e das conversas informais. Muito tem se falado de corrupção nos grandes escalões da política e do governo. Quase como que a dizer que o fio que tece o sistema das instituições, e destas com a sociedade civil, não é mais a ética mas a corrupção em estado de metástases.

Não pretendo fazer mais um dos inúmeros comentários que já se fizeram nestes dias. Nem tampouco ouso emitir um posicionamento magistral.

Muitos desses fatos de macro corrupção eclodiram justamente no tempo litúrgico da Quaresma. Tempo, que só para relembrar, convida à conversão interior para a prática de misericórdia e da justiça. Onde, por justiça, não se entende a retribuição proporcional das recompensas e dos castigos, mas a obra de Deus, que em seu Filho, o justo, torna justos os homens.

O teólogo suíço Hans Us Von Balthasar, escreveu uma obra célebre de Cristologia, intitulada “Teologia dos três dias”. Como o titulo mesmo sugere, até mesmo para quem não é iniciado na reflexão teológica, trata-se de um mergulho no mistério pascal de Jesus. A pergunta de fundo pode ser esta: O que aconteceu com Jesus da ultima ceia à madrugada do domingo?

O Credo da Igreja assim resume: morreu, foi sepultado (desceu aos infernos) e ressuscitou. Mas há um salmo citado pela primeira comunidade cristã (At 2,32-26), quando Pedro e João são libertados da prisão que diz: “porque não me abandonarás no sepulcro, nem deixarás que o teu santo veja a corrupção” (Sal 15,9-10).

A fé da Igreja sempre foi uma só: o Senhor desceu à terra, para salvar os que estão nas profundezas dos infernos, mas a terra não o corrompeu. A mesma fé da Igreja exorta também aos cristãos a não se conformarem à mentalidade do mundo, mas a transformá-lo pela fé e pela caridade.

Não devemos somente contemplar Jesus como o Santo de Deus que desceu à terra, transformou a vida das pessoas pelo seu infinito amor, e repousou no ventre da terra sem por esta ser corrompido. Devemos fazer dessa fé o nosso ideal de vida: Fazer de nossa passagem pelo mundo uma peregrinação para o céu. Que se diga de cada cristão o mesmo que se diz a respeito de Jesus: “O teu santo não conheceu a corrupção”.

Santa Páscoa!

Pe. Antonio Eronildo de Oliveira

Vigário Geral – Diocese de Quixadá-CE