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Não vos afasteis da comunidade – Artigo

Não vos afasteis da comunidade

EronildoooooooContra a tentação de debruçar-se sobre a realidade e os problemas do mundo, e da vida pessoal, sem um olhar de esperança num futuro feliz, Jesus recomenda aos discípulos de não se afastarem da comunidade. Igualmente para não cair na tentação da alienação da vida, olhando sempre para o alto sem se dar conta das realidades da terra, Jesus também recomenda aos discípulos de não se afastarem da comunidade.

Eu aprendi muitas coisas por imitação. Com efeito, a imitação é uma das técnicas mais eficazes de ensino e aprendizagem. Aprendi ainda criança nas reuniões e celebrações na minha vila a cantar: “eu sou feliz é na comunidade, na comunidade eu sou feliz”.

Deixando de lado todo o qualquer pressuposto ideológico que pudesse estar por detrás destas palavras, uma coisa eu posso garantir: a comunidade era um ponto de referência fundamental.

Neste momento particular da humanidade, e para a Igreja que vive no tempo e no mapa mundi, a realidade da massificação e do anonimato, misturada com o individualismo consumista e ainda, temperada de relativismo e intolerância, ecoa como novo imperativo evangélico a palavra de Jesus ao subir para o céu: “não vos afasteis da comunidade”. E por que?

Primeiro porque a comunidade é o espaço privilegiado do encontro com o Senhor. A Trindade mesma é a comunidade modelo. Jesus presente no meio das pessoas reunidas transforma o encontro de amigos em comunidade de fé, onde a oração em comum e a ajuda mútua se traduzem em estilo de vida.

Segundo porque na comunidade o olhar do discípulo é treinado a mover-se para a horizontal e em movimento circular. Nesse movimento circular cruza com outros olhares e avança na formação de uma mentalidade aberta, dialógica, católica e ecumênica.

Muito tem me preocupado certos fenômenos, alguns mais distantes, e outros bem próximos e locais, em que há imposição do capricho individual, até mesmo em sentido religioso, sobre a consciência coletiva, sobre o bem comum e até sobre a lei natural.

E o que se diria a respeito do difundido slogan: “sou católico, mas não concordo com a Igreja”? Claro que quem fala assim entende a Igreja como uma espécie de parlamento onde a campanha para manter a maioria nunca termina. Agora, quem compreende a Igreja como a comunidade dos irmãos na fé em Jesus Cristo, aqui na terra pilotada pelos Bispos em comunhão com o Papa e todos a serviço do Reino de Deus, pode cantar: “eu sou feliz, é na comunidade.”

Pe. Antonio Eronildo de Oliveira

  Vigário Geral -Diocese de Quixadá