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HOMENAGEM DA UNICATÓLICA A DOM ANGELO PIGNOLI

HOMENAGEM DA UNICATÓLICA A D. ANGELO PIGNOLI

Caríssimo D. Angelo Pignoli:

Quase 15 anos se passaram desde a sua nomeação para Bispo de Quixadá. O bom Deus, no intuito de abençoar o povo desta Diocese, achou por bem fazer o filho de Carmelo Virginio Pignoli e Maria Paolina Morelli Pignoli migrar mais uma vez. Não de volta para sua terra, mas para outro campo dentro da terra que escolheu para si, o Brasil. Não mais em busca de uma nova vida com a sua família, como quando o Sr. tinha apenas 14 anos. Agora o intuito de Deus era outro: dar-lhe uma nova família; constituir-lhe como pai de um povo forjado na seca, moldado do pó da terra e verdejante no coração. Homem nascido na agricultura, Deus lhe pediu que desse frutos na aridez e no duro chão deste longínquo sertão.

Sua missão não foi fácil. Ou melhor, as chegadas não são fáceis, bem sabemos. Ovelhas arredias, curral por reformar e reordenar. Esta é a vida do pastor. Dar a vida pelas ovelhas, mesmo quando os balidos delas são insistentes e ensurdecedores. Mas a força, o brio do pastor, a firmeza com que segura o cajado só se conhecem com o tempo. Só se conhecem também quando o lobo aparece. E nestes 14 anos e tantos meses nós podemos provar do que foi feito o seu ministério.

Em primeiro lugar foi feito de oração. De escuta silenciosa diante de Jesus Sacramentado no Sacrário. Pastor diante do Pastor, ovelha diante do Bom e Supremo Pastor.

Seu ministério foi feito na simplicidade e na humildade. Nada de títulos vazios, que pouco dizem sobre aquilo que a pessoa “leva dentro”, para usar uma expressão sua repetida frequentemente. Nada de “Chanceler” e de “Excelência Reverendíssima”: apenas Angelo, D. Angelo. Cristão entre cristãos, bispo e pai entre os seus filhos e filhas.

O Sr. é Bispo que ama o que é belo e solene na Igreja, mas sem qualquer cerimônia no trato com as pessoas. Não admite artificialidade, o fazer por pura aparência. O Sr. é um bispo que lava as próprias roupas, que planta o próprio jardim, que fez a própria horta. Homem que se preocupa mais com mendigos e andarilhos do que com prefeitos e deputados. Homem sabedor de que, no fim das contas, o Evangelho está acima das conveniências e dos conchavos.

Seu ministério foi feito na verdade e na transparência. Nunca temeu a palavra firme, direta, mesmo quando precisava ser dura. A verdade não admite “moleza”, não admite floreios. “A verdade vos libertará”, diz o seu lema de ordenação episcopal. Na UNICATÓLICA, de modo particular, vimos como ele foi o seu programa de vida e de governo: aqui vimos que a verdade deve ganhar o nome de transparência e de seriedade profissional, de respeito à lei e à moralidade.

Seu ministério foi feito com suor, lágrimas e sangue. Ser bispo, nós sabemos, não é ser o centro das atenções, não é ser aplaudido por onde passa, não é ter poder absoluto; com a mitra e o báculo não vem a onipotência; vem a certeza de que um só é o guia da Igreja, de que ser sucessor dos apóstolos é aceitar o chamado ao martírio e à entrega total por Jesus Cristo.

Tudo isso, como cristãos, como católicos, como colaboradores da UNICATÓLICA, nós aprendemos do Sr. Uns mais próximos, outros nem tanto: mas todos podemos perceber que, se esta instituição está firme nós o devemos muitíssimo à sua tutela, ao seu cuidado.

Agora nos cabe o papel de fazer que a sua despedida redima qualquer coisa que passou e que faça jus ao que o Sr. aqui construiu. A sua saída será por nós sentida como orfandade. Deus por meio da Igreja proverá outro bispo, sem dúvida. Mas cada pessoa é um dom único, absoluto, irrepetível. Angelo Pignoli só há um. Por isso, pedimos que o Sr. não se esqueça: quando estiver em SP, lá pela Diocese de Franca, saiba que num bom pedaço do nordeste brasileiro há um povo que aprendeu a amá-lo de coração sincero, um povo que carrega um pouco do Sr. em cada apostolado que faz. Um povo que agora chora muito por dentro e um pouco por fora por ter que lhe dar um adeus indesejado.

Nós, da UNICATÓLICA, de todos os setores, lhe dizemos: obrigado, Dom Angelo. Obrigado por lembrar a todos nós de que o sentido de tudo isso – destas paredes, de todos os nossos trabalhos aqui dentro – está em revelar a cada um que aqui chega o amor mais que apaixonado de Jesus Cristo por todo homem, por toda mulher e que é neste amor que a verdadeira vida, a vida plena de sentido, pode ser encontrada e abraçada.

Até mais, D. Angelo!