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“Ele não está aqui. Ressuscitou!”

Os dois homens com roupas brilhantes que estavam junto ao túmulo disseram para as mulheres: “Ele não está aqui. Ressuscitou!” (Lc 24, 6a). Este é o texto sagrado dos santos evangelhos que escutamos na Vigília Pascal, não para fazer uma simples releitura, mas para realmente proclamar entre os telhados que o Senhor ressuscitou verdadeiramente.  A Igreja reza no sábado santo o ofício divino, e na segunda leitura é lida uma homília antiga do século IV intitulada – ‘A descida do Senhor à mansão dos mortos’ – que nos diz o seguinte: “Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te dentre os mortos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa.  Jesus diz isso para mim e para ti: Acorda! Saímos do sono da morte, ele ressuscitou e com ele também ressuscitaremos, não somos mais escravos, somos pessoas livres. A noite foi vencida pela luz de Cristo.

Na Vigília Pascal quanto a Igreja é tomada por uma escuridão profunda, sinal de espera, de vigilância do esposo que vem, somos tomados de alegria e júbilo pela luz que vem chegando e vai dissipando as trevas dos corações. Não somos mais filhos da noite, somos filhos do dia. O dia santo que o Senhor venceu a morte e nos fez herdeiros do Reino.

Ó dia tão feliz que nos mereceu chamar Deus de Abbá – Papai. Realmente levantemos da nossa “vidinha”  saímos daquilo que nos destrói, que nos mata, assumamos a nossa filiação, vivamos com Cristo a vida nova, aquela que tem sentido, aquela que nos trás a paz.

Hoje o céu faz festa pela vitória de Cristo Jesus, e o inferno não mais tem poder sobre nós, porque somos de Deus, somos do Eterno que fez carne e assumiu o peso dos nossos pecados. Por isso, não deveríamos ver a paixão de nosso Senhor apenas como um espetáculo, que nos faz ficar emocionado e sentimental, mas como prova real de amigo que nos ama ao extremo da dor.

A ressurreição não é a celebração do chocolate, mas de um Deus que passou pela Cruz, pelo Calvário para vencer a sepultura, o túmulo, a morte e nos dizer que não somos perdedores, mas vitoriosos. A ressurreição é tempo de vida nova, tempo de acordar para a vida. Tempo de sair de si mesmo e amar mais, de ser menos egoísta e de viver a fé e a caridade.

Desejo que a Páscoa de nosso Senhor nos ajude a fazer a passagem para a novidade do Evangelho, que Nosso Senhor consiga estender a sua mão para nós que certamente estenderemos para ele, porque não aguentamos mais o que vivemos, e queremos viver aquilo que ele nos trouxe – sentido real pelo qual existimos.

Por: Pe. Pablo N. Anselmo (Pároco da Catedral Jesus Maria José)